11 julho 2007

Narradores, boleiros ou garotos propaganda?

Existia uma categoria de jornalista esportivo, que se chamavam narradores de futebol, cuja tarefa, como diz o próprio nome, era a de narrar uma partida de futebol. Porém, hoje, falando em termos de Televisão, essa categoria foi substituída por garotos propaganda, ou simplesmente, batedores de papo que gritam “gol”, quando a bola ultrapassa as três traves.

Peguemos como exemplo, os dois ditos maiores narradores do Brasil no momento, pelo menos são os mais assistidos, Galvão Bueno – Globo – , e Luciano do Valle – Bandeirantes – .

Há anos, como a grande maioria dos brasileiros, assistia todos os jogos narrados por Galvão, mas com o tempo fui me irritando, era impossível esperar dele, uma simples narração do jogo, só se ouvia falatório, reclamação da Fifa, dos jogadores, dos estádios e assim por diante. Então, resolvi tentar a Bandeirantes, apesar de não achar o timbre vocal do Luciano tão imponente quanto o do global Bueno, era mais suportável, pois ele dedicava-se simplesmente a fazer o ofício ao qual lhe é atribuído, contar a história da partida em tempo real.

Mas nos últimos dois anos, o Luciano do Valle conseguiu ficar ainda pior que o Galvão Bueno, pois além do bate papo, ele gasta a maior parte do jogo falando bem dos programas e da emissora na qual trabalha, além das intermináveis propagandas.

Então hoje, no jogo do Brasil contra o Uruguai, resolvi anotar o que os dois mais diziam, eis o pequeno resumo:

Luciano do Valle:

Além de muito falatório, com o também falante comentarista Neto, pude destacar:

Anunciou por 05 vezes, o PAN 2007 na Band, e o Mundial Sub 20 de futebol, só na Band, 03 vezes. Fez votos de admiração à seleção brasileira feminina de futebol, e ainda falou do jogo da Argentina e do México no dia seguinte, do Jornal da Noite com o melhor repórter (segundo ele) Cabrini, da programação de sexta-feira com Guilherme e Santiago, e até o nome de Ivete Sangalo e Raul Gil foi citado, ainda anunciou um maldito “medalinho” que é uma promoção ridícula de celular, e chamou os anunciantes, Guaraná Antarctica, Toyota e Vodol.


Galvão Bueno:

Esse gosta mais de ficar no bate-papo, afinal a rede globo não precisa das esdrúxulas propagandas bem no meio do jogo, só os anunciantes que vem na chamada quando a bola sai para escanteio por exemplo, que foram Casas Bahia e Volkswagen (não vi se teve o Itaú hoje). Do mais, Galvão falou com os comentaristas, relembrou umas 4 vezes o histórico dos confrontos entre Brasil e Uruguai, falou da importância da Copa América, repetiu as regras do campeonato 3 vezes, falou do gramado 2 vezes, relembrou da história do Dunga mais 3 vezes, e repetiu tudo de novo, não necessariamente na mesma ordem.

Aposto que você já tinha notado isso, não é? Mas por acaso, você percebeu que todas essas anotações, foram ditas apenas no 1º tempo do jogo? É isso mesmo!

Chegou o intervalo, e parei de anotar. Estava me sentindo ridículo, mudando de canal o tempo todo e anotando essas papagaiasses. No 2º tempo, foi a mesma coisa, como sempre.

A única diversão, foi ver que a ótica do jogo entre eles e seus respectivos comentaristas são totalmente diferentes, no jogo de hoje, concordei mais com as opiniões do comentarista da Band, o ex-jogador Neto, porém, pra mim, o melhor ainda é o Casagrande que não sei por qual motivo não vem comentando os últimos jogos na Globo.

Há outros narradores, é claro, mas que quando não tem um timbre de voz sofrível, também desempenham seus papéis de garotos propagandas ou de boleiros que ao invés de narrar, batem papo. E nós, telespectadores, talvez nunca mais tenhamos uma simples e objetiva narração, que sempre foi a moldura do quadro desse espetáculo que se chama futebol.

1 Comments:

At 11 julho, 2007 18:04, Anonymous Anônimo said...

Até que enfim vc tá atualizando esse blog heim!!!!!
Tá muito legal o texto, eu também não aguento mais o Magdo Galvão Bueno e o chorão do Luciano do Valle fazendo merchans...
Boa!

 

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